sexta-feira, 1 de abril de 2011

ARIANO SUASSUNA



O romancista e teatrólogo Ariano Suassuna nasceu na cidade paraibana de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Em 3 de agosto de 1989 para eleito para a Cadeira nº. 32 da Academia Brasileira de Letras. Formou-se em Direito na Faculdade de Direito do Recife, da Universidade Federal de Pernambuco, mas em 1956 deixou a advocacia para tornar-se professor de Estética dessa universidade.fixado no Recife, que é considerado o maior prosador vivo da Literatura Brasileira, autor, dentre outras obras, de “Romance d´A Pedra do Reino”, o “Auto da Compadecida” e do cd “A poesia viva de Ariano Suassuna”
O Brasil é um país onde os espertos sempre levam vantagem? Macunaíma é a síntese do povo?
Ariano Suassuna - Eu nunca tive essa opinião do povo brasileiro. Eu não acho que o povo brasileiro seja isso. Isso que você está dizendo pode se aplicar a elite econômica e política, mas o nosso povo é muito diferente. Olha, outro dia me perguntam: “O senhor não acha que a humanidade toda é de classe média e o grande sonho de todos é ir a Disneylândia, comer sanduíche McDonald's e tomar Coca-Cola?”. Eu respondi: “Essa é uma visão muito triste da humanidade, e eu não concordo”. A humanidade não é assim, e o povo brasileiro, principalmente. Ainda que fosse, o papel nosso, o papel dos escritores, dos jornalistas, dos intelectuais, dos políticos, dos militares, enfim, o nosso papel, é chamar a atenção de todos eles para um sonho maior. Maior e mais belo. Porque isso é uma coisa muito medíocre, a gente colocar como expressão da humanidade em geral, e de nosso povo em particular. Eu nunca aceitei que se desse Macunaíma como o retrato do povo brasileiro, como símbolo do povo brasileiro. Eu não aceito porque o povo brasileiro é um grande povo, e eu não vou aceitar como símbolo desse povo um personagem, definido pelo próprio autor, um herói sem caráter. O povo brasileiro tem caráter e é muito. Agora, merecia uma elite econômica e política melhor. O povo brasileiro, quando faz astúcia, é corno um fator de sobrevivência. Essa herança picaresca ibérica que a gente tem, e que no próprio povo chega até ser bonita. Aqui no Nordeste tem um ditado que diz "a astúcia é a coragem do pobre". Essa astúcia do pobre, a astúcia daquele povo que faz isso para sobreviver, essa não é só aceitável como elogiável. Agora, são muito diferentes dessa astúcia, os trambiques dos ricos, não é? Esses é que estão colocados dentro disso que você colocou aí...

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